Como a cada 18 de julho desde 1994, centenas de pessoas enfrentaram o nevoeiro e frio do inverno no sul e se reuniram em frente à sede da Associação Mutual Judaica da Argentina (AMIA) , em Buenos Aires, ao som do slogan “Em tempos impunidade, lembrar é exigir justiça “. Embora o tom da cerimônia, que contou com oradores da comunidade, religiosos e políticos tenha sido solene, a celebração teve também tom de protesto. Passados 24 anos, o crime segue sem solução.
Uma sirene soou às 09h53min, no momento exato e no mesmo lugar em que uma bomba explodiu. Estava aberta a cerimônia em memória das vítimas 85 vítimas de um dos maiores ataques terroristas da história da Argentina, que deixou também mais de 300 feridos. O presidente Mauricio Macri não compareceu e preferiu se reunir na terça, dia 17, com membros atuais da Amia e familiares de sobreviventes. Representantes do Governo, como a vice-presidente, Gabriela Michetti e o chefe de gabinete, Marcos Peña marcaram presença. A Conib estava representa pelo seu presidente do Conselho Consultivo, Claudio Lottenberg.
O ato teve a leitura dos nomes de todas as vítimas, comandado pelo jornalista Luis Novaresio. Também se acendeu uma vela em memória do promotor Alberto Nisman, que investigou o caso nos últimos anos de sua vida e cuja morte, com um tiro na cabeça, ainda está cercada de mistérios.
“Neste momento, há 24 anos, assasinaram nossos pais e não podemos desfrutar de seus exemplos de vida que nos davam dia após dia. Aqui, há 24 anos, nos arrancaram nossos maridos e irmãos e, apartir desse momento, nos falta o parceiro com quem compartilhar nossas coisas “, disse o jornalista Luis Novaresio em seu discurso.
Os representantes da comunidade judaica voltaram a exigir que a justiça fosse feita pelo ataque, ainda impune, e que os iranianos acusados de voar à sede da AMIA, todos eles com ordens de captura internacional, sejam apanhados.
“Temos que dizê-lo com muita força e clareza: sabemos quem tomou a decisão de colocar a bomba e quem a executou”, disse o presidente da AMIA, Agustín Zbar.
O governo emitiu nesta quarta (18) uma declaração na qual destacou seu “firme compromisso na luta contra a impunidade e a busca da verdade e da justiça” e disse que a investigação do que aconteceu é uma “causa compartilhada” por todos os argentinos.
“Portanto, não devemos ceder no esforço para esclarecer este ataque e levar à justiça todos os responsáveis”, disse o executivo antes de reiterar sua “forte e permanente condenação do terrorismo e da violência em todas as suas formas”.
O ataque à AMIA foi o segundo contra a comunidade judaica no país, depois que 29 pessoas morreram em 1992, quando uma bomba explodiu em frente à embaixada israelense, também na capital argentina.
** Com informações do Lavanguardia, Agência EFE, Conib e do jornal Folha de S.Paulo.