O grupo de jornalistas brasileiros que viajou a Israel a convite da Fisesp e do American Jewish Committee pode conhecer diferentes aspectos do conflito envolvendo israelenses e palestinos, durante visitas ao assentamento de Ofra, na Cisjordânia, e à cidade palestina de Ramallah, que aconteceram nesta quinta-feira, 15 de setembro.
Em Ofra, um dos primeiros assentamentos israelenses, criado em 1975 e que conta hoje com cerca de 650 famílias, os jornalistas foram recebidos por Israel Harel, um de seus fundadores, que falou sobre as razões ideológicas dos assentados e do direito que eles têm de fincar raízes nesta terra após viverem tantos anos no exílio.
“Todo judeu tem um sentimento profundo de que nada é permanente. Pagamos um alto custo por morar nos assentamentos, mas esta é uma das maneiras de garantirmos a nossa herança e de prevenir que nada aconteça com nosso povo”, frisou Harel.
Após a visita ao assentamento, o grupo seguiu em direção a Ramallah, onde foi recebido por Xavier Abu Eid, representante da OLP, que destacou a importância da legitimação do Estado Palestino na ONU. “Vamos usar de tudo o que precisarmos para que o Estado Palestino seja declarado com as fronteiras de 1967 e vamos fazer muita pressão política para que Israel se retire dos assentamentos”, declarou Eid.
Neste mesmo dia, os jornalistas tiveram um bate-papo com Paul Hirschson, vice porta-voz do Ministro das Relações Exteriores Avigdor Liberman, que traçou um panorama sobre a situação atual no Oriente Médio e destacou: “Os israelenses não sabem o que se passa com os Palestinos e vice-versa. Cada um dos envolvidos neste conflito tem que aceitar que nenhum dos dois lados terá tudo o que quer. Este conflito não é apenas sobre o Estado Palestino, mas sim sobre a existência de Israel”.
Para a coordenadora internacional de jornalismo da TV Record, Adriana Lopes de Freitas, “Foi incrível encontrar no mesmo dia, em um intervalo de horas, representantes tão articulados e preparados de pontos de vista tão diferentes no impasse entre israelenses e palestinos. Uma experiência única que nos revelou não apenas a explicação racional. Mas também a paixão e a ideologia incutidas nas raízes da crise.”
“Para um jornalista, é importante ter familiaridade com as várias versões de uma história. Só assim é possível transmitir ao leitor, de um modo coerente, a complexidade de certas situações. A vida no Oriente Médio é uma dessas situações. Digo a vida, e não o conflito, pois o conflito é apenas um aspecto dessa vida, da teia de relações quotidianas entre esses povos, culturas e países. O conflito é o aspecto mais evidente fora do Oriente Médio, mas não é o único e talvez nem seja o mais importante para as pessoas que vivem na região. E o modo melhor de ganhar familiaridade é visitando, conversando com as pessoas, com os sujeitos dessa vida, com aqueles a quem frequentemente nos referimos de modo impessoal no texto jornalístico, como o governo israelense, os palestinos, os colonos judeus. Esses sujeitos ganharam cara e voz nessa viagem e puderem expressar suas razões, suas versões, e serem questionados sobre elas. Isso certamente contribuirá para um melhor jornalismo”, declarou Humberto Saccomandi, editor de internacional do Jornal Valor Econômico.
Saiba mais sobre a viagem dos jornalistas brasileiros a Israel
Ricardo Berkiensztat, vice-presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, chefiou a delegação de jornalistas integrada por: Adriana Lopes de Freitas (Rede Record), Adriana Mabília (Tv Globo – São Paulo), Allen Chahad (Terra), Edilson Sacashima (UOL), Guilherme Russo (O Estado de S. Paulo), Humberto Saccomandi (Valor Econômico) , Luis Erlanger (TV Globo – Rio de Janeiro), Marcia Soman Moraes (Folha de São Paulo), Paulo Henrique Caetano Galvão (Rádio Bandeirantes), Roberto Nonato Ramos (Rádio CBN) e Sheila Magalhães (Rádio Bandnews) embarcaram para Israel no dia 11 de setembro.
Eles viajaram a convite da Federação Israelita do Estado de São Paulo e do Projeto Interchange, do American Jewish Committee, onde participaram de uma intensa agenda de encontros com lideranças e representantes israelenses e palestinos, correspondentes e editores de meios de comunicação estrangeiros e analistas políticos e acadêmicos. Eles também tiveram a oportunidade de visitar locais históricos, políticos, religiosos e culturais que fazem de Israel um destino único, como Jerusalém, Tel Aviv, Jaffa, região da Galilea e Mar Morto.