Em evento na Unibes Cultural, ex-vice-prefeita de Jerusalém se diz encantada com a força da comunidade judaica de São Paulo

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O professor Flávio de Leão Bastos e Fleur Hassan- Nahoun. Foto: Marcela Zegman Fotografia

Em evento realizado na Unibes Cultural no domingo (6), que reuniu líderes e representantes das principais organizações judaicas, a ex-vice-prefeita de Jerusalém Fleur Hassan-Nahoum falou sobre o tema “Oriente Médio: a coexistência é possível?”. O evento foi uma realização da CONIB e StandWithUs Brasil e contou com o apoio da Unibes Cultural e do DSC (Departamento de Segurança Comunitária) da Fisesp.

O presidente da Fisesp Marcos Knobel. Foto: Marcela Zegman Fotografia.

O evento contou com a mediação de Flávio de Leão Bastos, professor de Direitos Humanos, Direito Constitucional e Direito Eleitoral da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A abertura do evento contou com falas do presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), Marcos Knobel, dos  diretores da  CONIB, Sergio Napchan e  Denise Antão e da da representante da StandWithUs Brasil, Deborah Sutton Chammah.

Fleur compartilhou sua trajetória de vida, destacando sua decisão de imigrar para Israel em 2001, durante a Segunda Intifada. Disse que, desde jovem, se sentia conectada com o sionismo e, apesar dos desafios e da violência na época, não hesitou em se mudar para Jerusalém. Sua atuação no setor social e depois internacional a fez ver tanto as fragilidades quanto as forças de Israel, o que despertou seu interesse pela política, especialmente na esfera municipal, por acreditar ser possível atuar para transformar a vida das pessoas de uma forma mais prática e construir pontes entre comunidades.

Deborah Sutton Chammah do StandWithUs Brasil. Foto: Marcela Zegman Fotografia.

Ela ressaltou que o maior desafio como vice-prefeita de Jerusalém foi de ordem socioeconômica, devido à baixa participação da população árabe e ultraortodoxa no mercado de trabalho. Ela afirma que as causas estão enraizadas em fatores culturais, religiosos e principalmente educacionais, como a grade curricular da Autoridade Palestina em Jerusalém Oriental que não inclui o ensino do hebraico e promove uma visão hostil à coexistência. Ela afirmou que, apesar de ser a capital de Israel, Jerusalém é a cidade mais pobre do país. Para ela, Jerusalém funciona como um laboratório para o futuro de Israel, pois a composição demográfica da cidade reflete o que será o país nas próximas décadas.

“40% de Jerusalém é composta por imigrantes, cerca de 2% são cristãos e 29% de árabes palestinos. E o restante somos ‘nós’, judeus. O maior desafio de Jerusalém é socioeconômico. Entre os judeus ultraortodoxos e os árabes, a participação no mercado de trabalho é muito baixa. Não é desemprego — é que essas pessoas simplesmente não participam. No caso das mulheres árabes, a participação é extremamente baixa. mais baixa que a das mulheres sauditas, o que é absurdo. E entre os homens ultraortodoxos (os haredim), apenas cerca de 49% trabalham. E desses, só um terço está realmente trabalhando. Isso faz com que Jerusalém tenha a menor taxa de participação da força de trabalho do país — e é a capital de Israel, do povo judeu, com presença internacional forte”.

Sergio Napchan, Fleur Hassan-Nahoum e Denise Antão. Foto: Marcela Zegman Fotografia.

Apesar das dificuldades, ela acredita que a convivência entre israelenses e palestinos ainda é possível no longo prazo, desde que haja um esforço conjunto com países árabes moderados para desradicalizar a população palestina. Para isso, diz ela, é necessário investir em educação, novas lideranças e oportunidades reais, rompendo com o atual modelo de financiamento internacional que perpetua o radicalismo.

Ela disse ter ficado encantada com o Brasil, com a vitalidade dos jovens líderes e com a força da comunidade judaica de São Paulo. “Nunca vi uma vida judaica tão vibrante como a que vi aqui. Isso me dá muita esperança em relação ao Brasil, porque sociedades começam a se desintegrar quando tratam mal seus judeus. E aqui os judeus estão muito bem. Vocês têm instituições incríveis. E não atuam apenas para sua comunidade — atuam para a sociedade como um todo. Isso é prova de força, integração e respeito. Para mim, isso é a maior garantia de um futuro promissor para o Brasil”.

Fleur Hassan-Nahoum trabalha em defesa dos direitos das mulheres e das populações marginalizadas na cidade, através do desenvolvimento econômico e da luta por uma Jerusalém pluralista. Sua gestão foi direcionada à relações exteriores, desenvolvimento econômico e turismo, Fleur cofundou o Conselho Empresarial Emirados Árabes Unidos-Israel e o Fórum de Mulheres do Golfo de Israel em 2020.