Na noite do dia 23, foi realizado, como é tradição, o Ato de Yom Hashoá, no Memorial do Holocausto e da Imigração Judaica. Entre os presentes na cerimônia, extremamente tocante, estavam sobreviventes do Holocausto, seus filhos, netos e bisnetos, jovens dos movimentos juvenis e lideranças comunitárias. O evento, que reuniu centenas de pessoas, foi realizado pela Federação Israelita do Estado de São Paulo, Memorial do Holocausto, Agência Judaica e Conselho Juvenil Judaico Sionista.
O ato teve como mestres de cerimônia Sarita Mucinic Sarue, coordenadora educacional do Memorial do Holocausto e Mel Maister, coordenadora do Conselho Juvenil Judaico Sionista, que começaram pedindo para que todos se levantassem em posição de respeito ao Hino Nacional Brasileiro.
“Hoje nos reunimos não apenas para recordar, mas também para celebrar a resiliência e a força da comunidade judaica até os dias atuais, frente a tantos desafios, como o antissemitismo e o antissionismo demonstrados principalmente no fatídico ataque terrorista ao sul de Israel no dia 7 de outubro de 2023”, destacou Sarita.

“Vocês, sobreviventes do Holocausto, são nossa inspiração a cada momento. Dedicam seu tempo e sua energia durante o ano, vindo ao Memorial e contando suas histórias”, disse o Rabino Toive Weitman, diretor do Memorial do Holocausto, diretamente aos sobreviventes.
“Precisamos sempre olhar para o passado e dele extrair as ferramentas necessárias para combater o ódio e a intolerância”, ressaltou o cônsul de Israel em São Paulo Rafael Erdreich.
Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, lembrou todas as perseguições sofridas pelos judeus. “Nós sabemos que o “nunca mais” é agora quando nós olhamos nos olhos dos nossos heróis sobreviventes. Tudo que eles passaram, tudo que eles transmitem para a nossa geração. Nós sabemos que o “nunca mais” é agora porque nós não vamos deixar isso acontecer nunca mais.”
Seguido da fala de Marcos, o cantor Ariel Mermelstein e o sobrevivente Dov Orni, acompanhados de Jonas Magalhães ao teclado, cantaram o Hino dos Partisans.

Em seguida, George Legmann, que nasceu no campo de concentração de Dachau em 1944, contou sua história. “Espero que o que eu tenha dito hoje, reverbere. Holocausto nunca mais.”
Depois, jovens líderes dos movimentos juvenis leram um poema homenageando os sobreviventes do Holocausto.

Estela Schorr Filut, representante da Agência Judaica no Brasil, também disse algumas palavras. “Sobreviver é um ato de coragem. Contar, um ato de amor e ouvir hoje é o nosso dever mais sagrado.”
Membros do Conselho Juvenil Judaico Sionista também fizeram um discurso. “A liberdade que temos é o que torna a nossa responsabilidade ainda maior, porque os jovens nos lembram que a juventude não é apenas o futuro, é o agora.”

Depois do discurso, foram acesas seis velas em memória dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas, pelos sobreviventes e por jovens. A cerimônia de acendimento foi acompanhada pela reza El Male Rachamim, realizada por Ariel Mermelstein e Jonas Magalhães. Para encerrar, foi cantado o Hatikvah.
“É muito importante ter os jovens no Ato de Yom Hashoá, pois assim eles escutam, presenciam e convivem com os sobreviventes para estudar, compreender, se aprofundar e se emocionar com eles e daí sim educar seus chanichim. Nosso povo é uma movimentação, um avô conta a história para seu neto, para que assim ele seja forte e resiliente”, afirmou Mel.

“A memória é a nossa chave fundamental para que nada disso nunca mais se repita e para que possamos fortificar a nossa identidade judaica”, disse Sarita.

“Nós passamos aquilo que passamos e pensávamos que a humanidade não poderia repetir as monstruosidades que foram feitas”, disse Ariella Pardo Segre, sobrevivente do Holocausto.
“Todo mundo deve saber: nunca mais. Nunca mais”, disse Dov.
“É uma emoção muito grande estar aqui hoje, pois revivemos o que passamos em nossa vida, coisas bastante tristes e bastante sofridas”, disse Margot Bina Rotstein, sobrevivente do Holocausto.
“Apesar de tudo, o antissemitismo está voltando no mundo todo”, lamentou Stefan Lippmann, sobrevivente do Holocausto.

“Vemos a sinagoga aqui do Memorial lotada, cheia de jovens e sobreviventes, sobreviventes esses que contam para todos o que eles passaram e mandam o recado de que o “nunca mais” é agora. O “nunca mais” bateu à nossa porta. Estamos sempre fortes, unidos e resilientes para que o ocorreu no Holocausto e no 7 de outubro, nunca mais ocorra com o nosso povo”, reiterou Marcos.
“A nossa missão como povo é nunca esquecer o que ocorreu, sempre lembrar. Neste ano, desde que começou a guerra em Israel, há uma importância na união das instituições da comunidade. Juntos estamos contando uns com os outros na luta contra o antissemitismo”, pontuou Estela.

“O mais bonito é ver a sinagoga lotada, por um lado por sobreviventes do Holocausto, que nos inspiram com suas histórias, com seus relatos e por outro, por jovens que querem vir escutar, aprender e se inspirar e levam isso como legado para suas vidas. Isso representa literalmente Le Dor Vador”, disse o Rabino Toive.

Beatriz Novik Falcão é jornalista formada pela FAAP em 2023. Ainda na faculdade, produziu conteúdo para mídias sociais no Projeto Comprova, além de ser voluntária e monitora na Rádio e TV FAAP, atuando como produtora, roteirista e na parte de gravação. Foi repórter do LabJor FAAP e estagiária de comunicação na Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI), na IstoÉ Bem-Estar e Copywright e Gestora de Comunicação na Lemos Consultoria/Artis. Atualmente é Assistente de Comunicação da Fisesp.