A comunidade judaica se reuniu na noite da última segunda-feira (27) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para a cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A solenidade foi organizada pela Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado de São Paulo, com o apoio da Congregação Israelita Paulista. A data, criada em 2005 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, marca o dia em que tropas soviéticas libertaram os prisioneiros do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, em 1945. Durante o evento foram acesas seis velas, cada uma lembrando 1 milhão de judeus mortos pelo regime nazista que vigorou na Alemanha. O evento contou com a presença do presidente em exercício Michel Temer, do governador Geraldo Alckmin, José Serra, Aécio Neves e outras autoridades. Além das vítimas do holocausto, o evento também homenageou os 70 anos da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Sobreviventes do holocausto, veteranos da FEB e seus decendentes também compareceram a cerimônia.
Um dos homenageados da noite foi o ator Juca de Oliveira, que representou um sobrevivente no holocausto na novela “Flor do Caribe”, exibida pela Rede Globo. O autor da novela, Walther Negrão, também recebeu homenagens, ele foi representado no evento por Julio Fischer, co-autor da novela.
Não só os judeus foram brutalmente massacrados pelo regime nazista, na maior máquina de extermínio criada na história da humanidade. Outras vítimas, como homossexuais, ciganos, negros, ativistas de esquerda, também receberam homenagens. “A cerimônia representa um momento importante de reflexão sobre um capítulo nefasto da história e de ação para fortalecer a ideia da democracia no mundo, de respeito às diferenças, para impedir que novos genocídios aconteçam”, ressaltou Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib).
O presidente da República em exercício, Michel Temer, lembrou que, a partir do choque causado pela descoberta do assassinato planejado de milhões de judeus, a comunidade internacional se uniu para combater a discriminação e a intolerância. “Tão ou mais importante que consolidar esses instrumentos jurídicos internacionais, é a missão de transformar mentalidades e comportamentos. O Brasil é fiador e signatário de todos os tratados internacionais de combate ao racismo e à discriminação”, disse em discurso durante a cerimônia.
O embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad, ressaltou a importância de se lutar contra todas as formas de intolerância. “Devemos agir, trabalhar de forma ativa e constante para combater qualquer forma de discriminação, perseguição e segregação feitas em nome da intolerância”, disse.
Esta solenidade tem sentido de homenagear as vítimas da shoá (holocausto em hebraico), de manter acesa a memória de uma experiência histórica, que não pode ser esquecida para que não se repita. Penso também que devem ser lembradas aqui as milhares de pessoas que corajosamente se arriscaram em solidariedade aos perseguidos, intensamente mobilizadas pelo sentimento de fraternidade. Muitos pagaram um preço alto por isso” afirmou o governador Geraldo
Para o presidente da Federação Mario Fleck, “É preciso sempre bater na tecla contra intolerância, pois o antissemitismo segue vivo em pleno século XXI”.
O Dia Internacional do Holocausto
Uma resolução das Nações Unidas criada com o apoio do Brasil em 2005 designa 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data observada com cerimônias e atividades na sede em Nova York e em escritórios em todo o mundo.
Recordando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Assembleia Geral da ONU afirma que “o Holocausto, que resultou no assassinato de um terço do povo judeu, juntamento com inúmeros membros de outras minorias, será sempre um alerta para todas as pessoas sobre os perigos do ódio, racismo, intolerância e preconceito”. Além disso, a resolução não aceita qualquer negação do Holocausto como fato histórico e felicita os Estados que participam na preservação dos locais que serviram de campos de extermínio nazista e campos de concentração durante o período do Holocausto.
A ONU criou uma série de atividades para celebrar a data, como a exibição de filmes, debates e outra iniciativas para lembrar ao mundo da ameaça sofrida por todos quando se permite que ocorra o genocídio e crimes contra a humanidade.