Com a presença do governador João Doria, e o comparecimento maciço de autoridades, lideranças religiosas e comunitárias, sobreviventes e público em geral, aconteceu neste Domingo, 27 de janeiro, o Ato Solene em Memória das Vítimas do Holocausto, realizado pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e a Congregação Israelita Paulista (CIP).
O Ato, que lotou a Sinagoga da CIP, homenageou os seis milhões de judeus assassinados durante este trágico episódio da história, com o acendimento de seis velas por sobreviventes do Holocausto, representantes de outras comunidades, autoridades políticas, religiosas, institucionais e jovens.
Miriam Brik Nekrycz z’l e Julio Gartner z’l, testemunhas vivas dessa tragédia, e que faleceram em 2018, foram homenageados pelo grande esforço que fizeram para perpetuar o tema do Holocausto por meio de palestras, encontros, filmes e livros. Foi exibido um vídeo do presidente Jair Bolsonaro, gravado no Hospital Albert Einstein onde está internado para uma cirurgia, no qual ele se dirige a toda comunidade judaica e afirma que tem o dia 27 de janeiro, data da libertação do Campo de Concentração de Auschwitz, como um marco e uma data que não pode ser esquecida. “Nós brasileiros somos amantes da liberdade”, destacou. As vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, também foram lembradas com um minuto de silencio.
Sofia Davidowicz e Daniel Roth, emocionaram o público ao darem depoimentos sobre os horrores que viveram durante o Holocausto, quando ainda eram crianças, e reforçaram a importância de que o tema seja sempre lembrado para que tragédias como essa, jamais se repitam.
O governador João Doria, iniciou seu discurso agradecendo a solidariedade de Israel em enviar soldados para auxiliarem na tragédia de Brumadinho. “Como brasileiro, tenho que registrar a minha emoção com a atitude do Estado de Israel, de enviar ao meu país, 130 soldados para ajudarem no resgate de seres humanos. Sempre me emociona estar aqui e acompanhar uma cerimônia que não trata apenas um momento da história, mas sim, da memória, de um dos momentos mais tristes da humanidade”.
“Hoje, 27 de janeiro, é o dia que internacionalmente lembramos das vítimas do Holocausto e é importante pensarmos na diferença entre memória e história. Daqui a pouco a memória não estará conosco, e ficaremos apenas com a história. É preciso um compromisso da comunidade internacional de não esquecer os horrores do Holocausto, para que a memória também se transforme em história”, destacou o cônsul geral de Israel em São Paulo, Dori Goren.
“A mensagem da Federação Israelita é na verdade um questionamento sobre o que cada um de nós, como judeu e como brasileiro, vai fazer quando sair daqui. A nossa obrigação é a de mantermos viva esta chama, confirmando, conhecendo e transmitindo a nossa história, para que essa mensagem não pereça. O Brasil é um dos poucos países onde podemos viver com dignidade e agradeço a essa pátria e às autoridades que estão aqui nos prestigiando”, frisou o presidente da Fisesp, Luiz Kignel.
“Este já tradicional Ato em Memória às Vitimas do Holocausto nos permite honrar, de forma extremamente digna, todos os sobreviventes, seus familiares e nos possibilita o contínuo fortalecimento da educação das novas gerações sobre os riscos de sociedades que não combatem ativamente o preconceito e a intolerância. É um privilégio e fonte de muito orgulho para toda a CIP que um Ato desta envergadura seja conduzido em nossa comunidade”, finalizou o presidente da CIP, Marcos Lederman.
Após a solenidade, o historiador Leandro Karnal participou de um bate-papo com o rabino Michel Schlesinger, onde debateram sobre as lições que o Holocausto nos ensinou e sobre o que existe de parecido com este genocídio e a intolerância no mundo em que vivemos hoje. Karnal destacou a importante tradição judaica do debate, e deu seu recado aos presentes: “acreditem na educação como a principal estratégia para a sobrevivência”.
No hall da entidade aconteceu a exposição “O Sonho de um Novo Lar – Raízes Alemãs do Sionismo”, resultado de uma parceria entre o Auswärtiges Amt e o Leo Baeck-Institut em Nova York e que está sendo trazida pelo Consulado Geral da Alemanha em São Paulo. A Mostra traz livros, jornais, correspondências e fotografias e trata do sonho de um refúgio diante da perseguição aos judeus, ideia que culminou com a criação do Estado de Israel, após a Segunda Guerra Mundial.
O Ato Solene em Memória às Vítimas do Holocausto contou com o apoio da Agência Judaica para Israel, A Hebraica, ArqShoah, B’nai B’rith, Beth- El, Comunidade Shalom, Consulado Geral de Israel em São Paulo, Fundo Comunitário, KKL Brasil, Sherit Hapleitá, Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Vozes do Holocausto e Unibes.