“Ao rabino emérito Henry Isaac Sobel z’l líder espiritual, defensor dos valores judaicos humanistas, construtor de pontes religiosas e ideológicas que deixou o seu legado , de geração em geração – Todá Rabá”.
Esses são os dizeres da placa inaugurada em homenagem ao rabino Henry Sobre z’l falecido em 22 de novembro de 2019, inaugurada durante um Cabalat Shabat Especial organizado pela Congregação Israelita Paulista (CIP), na sexta-feira, 05 de novembro.
A cerimônia, que aconteceu presencialmente com número limitado de pessoas, e que também foi transmitida online, foi conduzida pelo rabino Dr. Ruben Sternschein e contou com a presença de Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, Dora Lucia Brenner, vice-presidente da CIP, Roberta Sundfeld, diretora de memória e acervo do Museu Judaico, Júlio Moreira, do Projeto Henry Sobel (que tem como objetivo resgatar a trajetória e o legado do rabino)
A Monja Coen, o rabino José Amarante e o presidente do Museu Judaico, Sergio Simon também participaram virtualmente, juntamente com Alisha, filha de Sobel, diretamente dos Estados Unidos.
“Henry Sobel fez história de um modo muito particular. Ele conseguiu introduzir o mundo judaico dentro da comunidade maior, e fez isso da melhor forma possível, colocando ênfase em um grande princípio do judaísmo, que é o “Ticun Olam”, consertar e melhorar o nosso mundo. Para nós é muito importante fazermos com que sua presença se perpetue, exatamente como estamos fazendo hoje”, destacou o rabino Dr. Ruben Sternschein.
Um grande acervo foi doado pela família de Sobel ao Museu Judaico de São Paulo. “Graças a Alisha Sobel e ao jornalista Jaime Brenner, idealizador do Projeto Henry Sobel, ficamos sabendo da existência de um grande acervo do rabino Sobel que foi doado ao Museu Judaico. Nossa surpresa foi encontrar muitas cartas, documentos, fotografias e prédicas, além de outras curiosidades como por exemplo diversos óculos que foram usados por Sobel. No futuro, todo esse acervo estará publico e será uma grande honra para o Museu Judaico, que está se abrindo para a cidade, disponibilizar este material”, destacou Roberta Sundfeld.
“O rabino Sobel foi uma figura marcante para a história do Brasil e do judaísmo. Não podemos deixar que isso se perca. É preciso que sua memória seja mantida viva, principalmente nos tempos atuais, em que a democracia está em risco”, destacou Júlio Moreira.
Dora Lucia Brenner destacou a relevância da homenagem. “Sobel foi o representante da CIP por muitos e muitos anos. Ele fez muito por todos nós, não só pela CIP, mas por toda comunidade judaica brasileira, o que torna essa homenagem ainda mais importante”, concluiu Dora Lucia Brenner.
Português por nascimento, norte-americano por adoção, Sobel era filho de judeus de tradicional ortodoxia. Chegou ao Brasil na década de 70. À frente da Congregação Israelita Paulista (CIP), onde ficou até 2007, transformou-se em uma das grandes lideranças religiosas do país. Sobel estabeleceu diálogo e construiu pontes entre o judaísmo e as demais religiões, participando de inúmeros cultos e eventos ecumênicos. Foi também representante da Confederação Israelita do Brasil (Conib) para o diálogo inter-religioso. Sua atuação ajudou a inserir a comunidade judaica em um outro patamar na vida nacional.
Sobel também foi um protagonista histórico na defesa dos direitos humanos no Brasil, com destaque para sua atuação na luta pelo esclarecimento do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, em São Paulo, durante a ditadura militar. Sobel recusou-se a enterrar Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita, por rejeitar a versão oficial acerca das circunstâncias da morte. O rabino também participou, ao lado de líderes como Dom Paulo Evaristo Arns e Jaime Wright,do ato inter-religioso em homenagem a Herzog, naquele mesmo ano.