Conib repudia ataques contra o deputado Jean Wyllys

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 Confederação Israelita do Brasil, que reúne as representações das comunidades judaicas por todo o país, manifesta sua solidariedade ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Ele vem sendo covardemente atacado nas últimas semanas, por defender o direito de Israel à existência e uma paz justa entre israelenses e palestinos, com a adoção da política de dois estados vivendo lado a lado, em cooperação e paz.

 O deputado Wyllys transformou-se em objeto do ódio de setores que, a pretexto do antissionismo, enveredaram pelo aberto antissemitismo, ao negar a um único povo e a uma única nação, os judeus, o direito à emancipação nacional. Mais recentemente, o deputado passou a ser atacado por discordar de uma resolução antissionista e antissemita da Executiva Nacional de seu partido, segundo ele sem qualquer debate democrático prévio.

 A rigor, esse seria um assunto interno do PSOL – assim como de outras siglas que se denominam “progressistas” – que vêm resvalando no antissemitismo – disfarçado ou escancarado. Mais recentemente, o sr. Glenn Greenwald invocou sua condição de judeu para questionar a legitimidade das críticas do deputado ao antissemitismo existente no partido ao qual está filiado.

 Em primeiro lugar, ser ou não judeu é indiferente nesse caso. Há judeus que, por convicção ou oportunismo, passam a atacar as comunidades judaicas ou o direito dos judeus à autodeterminação nacional. E também há não judeus que, nos momentos mais críticos da luta contra o antissemitismo, arriscam suas vidas para se opor às perseguições antissemitas. Os Justos Entre as Nações, por exemplo, têm lugar precioso na memória da resistência ao Holocausto.

 Invocar a condição de judeu para negar a um não judeu o direito de defender a existência de Israel não deixa de ser uma forma, talvez inconsciente, de racismo e discriminação. Mais ou menos como dizer “eu não sou contra os gays, tenho até amigos gays”. Ou “eu não sou racista, sempre tratei bem meus empregados de cor”. Ser branco, negro, judeu, cristão, muçulmano, gay ou hetero não dá a ninguém superioridade moral no debate político.

 A verdade é que o deputado Wyllys tem tido já há algum tempo a coragem de denunciar a hipocrisia de certos setores, que afirmam defender os direitos dos LGBTQ, mas recusam-se a reconhecer que Israel é o único país do Oriente Médio em que tais direitos são plenamente respeitados. Ainda pior, dizem combater a homofobia e a opressão da mulher, mas silenciam oportunisticamente diante das graves e permanentes violações de direitos nos países de maioria islâmica.

 Para progressistas como o sr. Greenwald, parece ser razoável oprimir mulheres e gays e ameaçar os judeus com um novo Holocausto (enquanto se nega a existência do primeiro), desde que se esteja numa posição política supostamente anti-imperialista. De todo modo, é problema unicamente do sr. Greenwald equivocar-se, assim como é problema do PSOL resvalar em posições racistas contra Israel. O inaceitável, entretanto, é que judeus invoquem sua condição judaica para negar a não judeus o direito de defender Israel, contra aqueles que pregam sua extinção.

 Fernando Lottenberg

 Presidente