A psicóloga e professora Sofia Débora Levy foi escolhida em março deste ano pela Conib como sua nova representante no CNPIR- Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial. O Conselho é um órgão de caráter consultivo, integrante da estrutura da SEPPIR- Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidencia da República, e que tem por finalidade propor políticas de igualdade racial. Sofia Levy substituiu no cargo a Sergio Niskier.
Ela é autora da dissertação de mestrado “Repensando o Ser: uma análise metaprocessual dos relatos de sobreviventes do Holocausto”, apresentada ao Instituto de Psicologia/UFRJ. Em sua pesquisa, colheu as histórias de vida de dez sobreviventes do Holocausto, residentes no Rio de Janeiro. Alguns dos relatos foram publicados nos livros “Sobre Viver – oito relatos antes, durante e depois do Holocausto por homens e mulheres acolhidos no Brasil” (Relume-Dumará, 2006), e em “Atrás das minhas pegadas: memórias de um sobrevivente do Holocausto”, de Abraham Warth (Garamond, 2006), dos quais é organizadora. Uma doação dessas obras sobre o Holocausto já foi feita à SEPPIR. Sofia foi também entrevistadora da Shoah Foundation.
Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências, Técnicas e Epistemologia – HCTE/UFRJ, e membro da diretoria do Memorial Judaico de Vassouras/RJ.
A SEPPIR- Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial foi criada em 2003, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua origem remonta às demandas do movimento afrodescendente no combate à exclusão social. O governo decidiu criar uma secretaria especial, que incluiu também as demandas de outras minorias, como os índios, judeus, ciganos, e palestinos.
À proposta de igualdade racial, âmago da SEPPIR, foi acrescentada a de tolerância religiosa, permitindo uma aproximação fraterna e solidária, que contemplou a comunidade judaica. Para Sergio Niskier, representante da Conib no Conselho entre 2005 e 2010, é dever dos judeus prestar solidariedade às outras minorias e enfrentar o racismo. A SEPPIR é responsável pela criação de políticas públicas e é ponta de lança no combate à discriminação.
O Conselho é composto por representantes da sociedade civil e do governo, que se agrupam em comissões internas. Os judeus não promovem atividades isoladas: os eixos temáticos são estabelecidos de acordo com as linhas políticas do governo e a participação da sociedade civil.
Em suas primeiras participações nas reuniões do Conselho, cuja composição teve grande renovação no governo Dilma, Sofia Levy vem buscando uma aproximação com os conselheiros e pleiteando uma maior visibilidade à comunidade judaica. No momento, integra a Comissão Permanente de Povos, Comunidades Tradicionais e Liberdade Religiosa e vem mantendo boas relações com todas as demais representações.
A Segunda Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada em 2009, teve dois mil delegados; a delegação judaica, com 12 membros, foi coordenada por Niskier. Nesta conferencia, foi criado o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que foi aprovado pelo Congresso Nacional. O plano indica ao Estado as prioridades para superar as desigualdades raciais no Brasil.
A primeira representante da Conib no Conselho foi Anita Schuartz, no período 2003-2005, marcado pela tentativa de estabelecer parâmetros para o debate de políticas públicas em relação à questão da integração racial. Na Primeira Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em 2005, em que o Estado e a sociedade assumiram o compromisso de superação das desigualdades raciais, a comunidade judaica levou para Brasília 20 representantes de vários estados.