Em evento no Museu Judaico de São Paulo, Deborah Lipstadt comenta sobre fomento do antissemitismo desde o 7 de outubro

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Deborah Lipstadt e Fernando Lottenberg, assistidos pelo público. Foto: Maressa Andrioli.

Encontro com Enviada Especial do Departamento de Estado dos EUA para Monitoramento e Combate ao Antissemitismo ocorreu no último dia 23 e contou com cerca de 60 pessoas 

“Qualquer genocídio, seja ele o Holocausto, seja ele qualquer outro, começa com palavras. E temos visto certas palavras desde o 7 de outubro, que fomentam o antissemitismo.”, afirmou Deborah Lipstadt, Enviada Especial do Departamento de Estado dos EUA para Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, no Museu Judaico de São Paulo (MUJ), durante o evento “Encontro com Deborah Lipstadt”, ocorrido no último dia 23 e que contou com cerca de 60 pessoas, incluindo Marcos Knobel, Ricardo Berkiensztat, presidente e presidente executivo da Fisesp, respectivamente, Rafael Erdreich, Cônsul de Israel em São Paulo, Cris Monteiro, Vereadora, Ruth Tarasantchi, Curadora e Artista e Diretora de Acervo do Museu Judaico e Johannes Wahner, Cônsul de Cultura e Ciência do Consulado Geral da República Federal da Alemanha em São Paulo. 

Deborah Lipstadt. Foto: Maressa Andrioli

A também professora e historiadora, que estava acompanhada na mesa por Fernando Lottenberg, ex-presidente da CONIB  e Comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, continuou, dizendo que “se você critica o direito de Israel de existir ou critica o direito de alguém de ser judeu, você ultrapassou o limite.” 

“Quando você ataca sinagogas ou instituições judaicas, ou vandaliza o Memorial do Holocausto de Paris com as palavras “Free Palestine”, isso é antissemitismo. Ou quando você nega as atrocidades do 7 de outubro ou diz que os judeus estão exagerando, que nunca aconteceu, que não há evidências de que aconteceu e você não fez isso quando Boko Haram violentou sexualmente as mulheres e as sequestrou e cometeu o terror do terror, ou quando as mulheres iranianas tiraram seus hijabs [como forma de protesto ao regime governamental].”, ressaltou ainda ela. 

“A visita da embaixadora Deborah Lipstadt foi muito importante para todos nós da comunidade judaica aqui de São Paulo, pois traz uma pessoa extremamente experiente no assunto monitorização e combate ao antissemitismo. Infelizmente, o antissemitismo é algo global, que teve uma escalada muito importante depois do 7 de outubro e nada melhor do que trocarmos ideias e experiências, e mais importante ainda, ouvir a experiência de uma pessoa que tem uma vivência muito importante no assunto. Podemos dizer que a embaixadora foi de extrema valia para a nossa comunidade.” disse Marcos Knobel. 

“A embaixadora Deborah Lipstadt é uma expert na questão do antissemitismo e a vinda dela a São Paulo é enriquecedora para todos nós. Escutá-la ao lado de Fernando Lottenberg foi um privilégio.”, afirmou Ricardo Berkiensztat. 

“O Museu Judaico de São Paulo (MUJ) acredita profundamente no papel da educação para a promoção da justiça e da igualdade. Acredita também que precisa ser uma instituição plural e aberta para receber os diversos públicos de nossa cidade.

Os últimos tempos têm sido marcados pelo aumento alarmante das denúncias de antissemitismo, por isso, receber a Embaixadora Deborah Lipstadt, que desempenha um papel importante na promoção da educação sobre o Holocausto, e contribui para a conscientização global sobre o antissemitismo, é fundamental para o momento desafiador que vivemos.”, comentou Roberta Sundfeld, Diretora de Memória e Acervo do Museu.