Em meio à difícil e explosiva situação no Oriente Médio, a embaixada americana promoveu um jantar inter-religioso na casa do cônsul Thomas Kelly, localizada nos Jardins, em São Paulo. Tudo para comemorar o ramadã. Sentaram-se à mesa amistosamente representantes das religiões islâmica, cristã judaica e até da persa bahá’í. A partir das 17h20, logo depois de o sol se por, a prática muçulmano religiosa dita jejum por 30 dias durante todo o dia. Somente à noite, seguidores de Maomé podem comer e tomar água.
Jantaram todos distribuídos por seis mesas montadas na varanda. Não sem antes assistirem aos xeques Armando Hussein, da Sociedade Beneficente Muçulmana, Jihad Hassam Hammadeh, da Assembleia Mundial da Juventude Islâmica da América Latina, e Houssan el Boustani, missionário pela paz mundial, estenderem seus tapetes na ampla sala. E rezarem voltados para Meca.
O que acha da prática? “Todas as religiões têm uma rotina pela qual seus fiéis conseguem refletir e chegar mais próximos a Deus. Nós também temos nosso jejum de reflexão”, responde o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista. Elogiando, à exemplo das outras 40 pessoas presentes, a iniciativa dos anfitriões. “Os americanos cumprem um papel no mundo na busca de justiça e paz, e São Paulo faz parte do movimento”, justificam os xeques Armando, Jihad e Houssan, secundados pelo rabino.
Nessa busca, qual a melhor maneira de alcançar a paz: impondo-a de cima para baixo ou por meio de conscientização da população? O rabino acredita que o segundo caminho seria o mais correto. Entretanto, alerta existirem momentos na história quando ele não produz resultados.
“É o segundo ano que fazemos isso”, explica Kelly, ao lado de seu xará e chefe, o embaixador Thomas Shannon. “É na diversidade que se encontra a força”, pondera o representante maior dos EUA no Brasil, que veio de Brasília especialmente para o evento. “A miscigenação no País, bem como a que existe nos EUA, dá o sentido de fraternidade e respeito às diferenças”.
Nos discursos, chamaram atenção palavras como “perseguir a paz”, “democracia”, “liberdade”, que se somavam a uma outra bastante usada pelos islâmicos presentes: “justiça”. Ao final, frase de Raul Meyer, da Casa de Cultura de Israel, sinalizou a importância do congraçamento, praticado pela Casa Branca durante o ramadã: “O Estado é laico, a sociedade não”.
Sonia Racy, 4 de agosto de 2011 | 23h00