Nesta terça-feira, 15, foi lançado o Relatório de Antissemitismo no Brasil 2024, realizado pela Federação Israelita SP, através do Departamento de Segurança Comunitária (DSC), e pela CONIB (Confederação Israelita do Brasil), na Sala Plenária do clube A Hebraica. Estiveram presentes membros da imprensa, juristas, lideranças da comunidade e especialistas.
Sergio Napchan, diretor executivo da CONIB e mestre de cerimônias, iniciou o lançamento ressaltando que o lançamento é uma data importante para a comunidade judaica brasileira, pois cada vez mais há a necessidade de fazê-lo. “Não falamos isso com orgulho e sim, com tristeza, mas sabemos que isso deve ser feito e dar cada vez mais importância para esse ato.”
Claudio Lottenberg, presidente da CONIB, destacou a existência de grupos terroristas que ignoram fatos, realidades que muitas vezes, são transformadas em mentiras e a obrigação moral e legal de Israel de se manter fiel à verdade e ao que é um país democrático. “Temos aqui um momento importante, pois vivemos uma era de desinformação e esse relatório é um potente instrumento de divulgação, que traduz não só uma realidade mas uma preocupação que a sociedade deve ter quando se trata de respeitar as minorias.”
Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita SP, em sua fala, lembrou das inúmeras perseguições que a comunidade judaica sofreu e sofre até hoje. “Nossa história é de perseguição. Saímos por quarenta anos do deserto, onde éramos escravos do faraó no Egito, sofremos na inquisição e no Holocausto e hoje sofremos desde o 7 de outubro.
Bruno Cardoni, doutorando e Mestre em Filosofia Política e Filosofia do Direito pela UFRGS, destacou o conceito de antissemitismo. “Enfrentar o antissemitismo, portanto, não é do interesse apenas dos judeus, mas de todas as sociedades que desejam preservar a sua capacidade de fazer política e com isso, de sobreviver e prosperar.”
Ezequiel Gotlieb, gerente operacional de segurança da CONIB, explicou como funciona a metodologia, coleta e tratamento das denúncias, e como elas são catalogadas, complementando sua fala com um caso recente ocorrido em Manaus, em que o criminoso acusava os judeus de bruxos, fazia ameaças, chegando até a colar cartazes em uma sinagoga. Hoje, ele está preso.
Andressa Assunção de Lima, do Departamento Jurídico da CONIB, falou sobre o processo de encaminhamento jurídico das denúncias, citando também um caso, em que o criminoso postou conteúdo antissemita e foi condenado por crime de racismo contra judeus.
Joana Zlot, gerente de Comunicação da CONIB ficou responsável por apresentar os dados das denúncias, monitoramento digital e pesquisa G100 da ADL (Anti-Defamation League). Ela mostrou que no primeiro mês do conflito entre Israel e Hamas, houve um aumento de mil por cento das denúncias, com uma média de 12 denúncias por dia, entre outros dados.
“Os números de antissemitismo têm crescido muito, infelizmente desde 7 de outubro. Mas a comunidade pode contar com o DSC”, afirmou Alexandre Judkiewiz, diretor executivo de segurança da Federação Israelita SP e do DSC.
“Números quando tomados dentro de uma natureza absoluta não são uma análise tão fidedigna daquilo que expressa uma situação. O que é preocupante é uma tendência e vemos que essa tendência reflete dados crescentes que podem ser: primeiro, uma aproximação com as mecânicas de notificação, mas substantivamente, a qualidade e o teor de cada uma dessas manifestações. Nesse levantamento, tivemos vários canais que foram observados e a coisa passa a ser preocupante porque percebemos que são pessoas que mostram e refletem um aspecto de preocupação com um tema que é parte de algo muito maior. É antissemitismo, discurso de ódio e intolerância. Portanto, é uma cultura que acaba sendo construída. E nós, ao chamarmos atenção para o tema, estamos preocupados com a cultura, que é reflexo de uma polarização política muito grande que o país e o mundo vêm apresentando”, disse Claudio Lottenberg.
“A ideia desse relatório é que a sociedade possa tomar consciência do que está acontecendo. Que fenômeno é esse. Nós somos 100 mil judeus aproximadamente no Brasil, portanto a comunidade judaica deve saber que o antissemitismo é um fenômeno crescente e temos que olhar para isso e tentar criar programas que possam mitigar e fazer com que as pessoas sejam responsabilizadas e que possam se responsabilizar. O antissemitismo é um tema fundamental da comunidade judaica, mas não só dela. Isso precisa ser evidenciado no nosso país, comentou Sergio Napchan.
LEIA O RELATÓRIO:
https://conib.org.br/images/noticias/39636/Relatorio_Antissemitismo_no_Brasil_2024_v4-web_1.pdf

Beatriz Novik Falcão é jornalista formada pela FAAP em 2023. Ainda na faculdade, produziu conteúdo para mídias sociais no Projeto Comprova, além de ser voluntária e monitora na Rádio e TV FAAP, atuando como produtora, roteirista e na parte de gravação. Foi repórter do LabJor FAAP e estagiária de comunicação na Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI), na IstoÉ Bem-Estar e Copywright e Gestora de Comunicação na Lemos Consultoria/Artis. Atualmente é Assistente de Comunicação da Fisesp.