Antropólogo Omar Ribeiro Thomaz afirmou que judeus atuaram contra o apartheid

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Os judeus tiveram uma inserção difícil na sociedade da África do Sul, afirmou o antropólogo Omar Ribeiro Thomaz, em palestra do ciclo Israel e o Mundo, no dia 14 de outubro, que teve como tema “Relações entre Israel e África”. Nas intensas discussões sobre legislação racial, no início do regime de apartheid, os afrikaners, grupo étnico descendente dos colonos calvinistas e principal base social do regime de segregação, tinham postura fortemente antissemita. E na comunidade judaica sul-africana surgiram grandes vozes antiapartheid, como a escritora Nadine Gordimer, Nobel de Literatura de 1991.

A imigração judaica para a África do Sul teve seu pico no século 19, junto com outros contingentes europeus. A comunidade judaica do país está entre as 12 maiores da Diáspora e tem assento no Conselho Executivo do Congresso Judaico Mundial. É uma comunidade pluralista, com fortes laços com Israel e Estados Unidos. Os judeus sul-africanos adoram Mandela, observou Thomaz, e o líder negro sempre se relacionou com Israel de forma positiva, tendo vários judeus como colaboradores, incluindo Gordimer.

O professor da Unicamp traçou um panorama das relações de Israel com os países africanos, da presença de comunidades judaicas no continente e da emigração de grandes grupos populacionais judaicos, promovida por Israel.

Sobretudo a partir dos anos 1960, o jovem Estado judeu buscava reconhecimento internacional e ofereceu assistência em tecnologia e agricultura, principalmente a países de colonização inglesa, como o Quênia. Israel mantém vínculos importantes com países como Nigéria, Costa do Marfim e Uganda. A África é também um importante destino turístico dos israelenses.

O reconhecimento rabínico de comunidades judaicas na Etiópia levou a grandes operações de resgate dos judeus etíopes, promovidas por Israel: em 1984, a operação Moisés; em 1991, a operação Salomão; em 2013, a vinda dos remanescentes. Hoje, há cerca de 120 mil judeus etíopes e descendentes vivendo em Israel, onde são cidadãos com plenos direitos, mas ainda com dificuldades de adaptação ao universo urbano.
Hoje, membros da comunidade Lemba, que habita regiões da África do Sul, Zimbabwe e Moçambique, pleiteiam seu reconhecimento como judeus. Eles são cerca d e70 mil.

A imigração ilegal de africanos a Israel, via deserto do Sinai, é um problema que tem gerado tensões na sociedade israelense. O país tem leis anti-imigração bastante severas. Israel é um polo de atração, assim como os países europeus e precisa aprender a lidar com estas pessoas, afirmou Thomaz. Muitas ONGs israelenses oferecem auxílio a estes imigrantes.

Em 21 de outubro, às 20 horas, o ciclo, parceria entre a Confederação Israelita do Brasil e o Centro de Cultura Judaica, prossegue com a palestra “Israel e o Oriente Médio”, com o jornalista Gustavo Chacra, de O Estado de S. Paulo e GloboNews. Sinopse: Serão discutidas as relações Israel e Egito, Síria e Líbano.

A curadoria do evento é do cientista social Daniel Douek.
O preço de cada palestra é R$ 65,00. Idade mínima: 18 anos.
As datas são 21 e 28 de outubro, segundas-feiras. Horário: das 20h às 22h. Informações, no Centro da Cultura Judaica: [email protected] ou [email protected]. Telefone: (11) 3065-4349/4337.