No domingo, 1, ocorreu, no Cinemark do Shopping Eldorado, em São Paulo, a pré-estreia exclusiva do filme brasileiro “As Polacas”, que entra em cartaz no dia 12 de dezembro. O evento, organizado pelo LEN ELF/FISESP, foi fechado para a comunidade judaica de São Paulo e contou com um bate-papo com o diretor João Jardim e os atores Valentina Herszage, Dora Freind e Amaurih Oliveira, mediados por Elisa Nigri Griner, coordenadora do LEN ELF/ FISESP.
SOBRE O FILME
“As Polacas” conta a história de Rebeca (Valentina Herszage), uma jovem mulher judia polonesa, que fugindo da perseguição aos judeus e dos horrores da Guerra e da fome na Europa, chega ao Brasil, junto ao filho pequeno para reencontrar seu marido e iniciar uma nova vida. Porém, ao chegar no Rio de Janeiro, descobre que ele faleceu e é enganada por Tzvi (Caco Ciocler), judeu que trafica e prostitui mulheres judias. Mesmo tendo que transgredir com suas próprias crenças, Rebeca encontra aliadas que vivem o mesmo drama que ela e se junta a elas na luta por liberdade.
Assista ao trailer:
Com roteiro de Jacqueline Vargas e Flavio Araújo e roteiro final de George Moura, o longa é livremente inspirado nas obras “El Infierno Prometido”, de Elsa Drucaroff, e “La Polaca”, de Myrtha Schalom, que contam a história real de mulheres europeias, em maioria de origem polonesa, que eram enganadas com promessas de uma vida melhor ao desembarcar em países distantes, e levadas a trabalhar em prostíbulos.
O filme percorreu festivais nacionais e internacionais, tendo recebido os prêmios de melhor diretor para João Jardim e melhor atriz para Valentina Herszage e Dora Freind no Festival de Punta del Leste. Caco Ciocler foi premiado como melhor ator no FESTin, em Lisboa, além do prêmio de melhor som e música no Festival de Oklahoma Cine Latino Film Festival.
“As Polacas” é produzido por Iafa Britz, da Migdal Filmes, em coprodução com a Globo Filmes e RioFilme. O longa busca resgatar a memória de mulheres que vêm sendo apagadas da história recente.
“Esse filme é importante porque mostra mais uma face de como foi o processo de imigração da nossa comunidade, da Europa para o Brasil. E mais ainda, mostra o drama dessas mulheres. Nos remete ao atual momento que a comunidade judaica mundial passa. Temos hoje 12 mulheres reféns em Gaza, e a ONU (Organização das Nações Unidas) e o mundo fecharam os olhos para as mulheres judias”, comentou Marcos Knobel, nosso presidente.
“Nós estamos fortes, unidos, e só vamos descansar quando tivermos nossas reféns juntas e quando não tivermos mais nenhum tipo de violência contra as mulheres e meninas”, finalizou.
“Assistir ao filme “As Polacas” foi uma experiência impactante e profundamente reflexiva. A trama trouxe à tona uma parte dolorosa e pouco conhecida da história judaica, revelando o sofrimento, a exploração e a resiliência das mulheres que vivenciaram essas tragédias. É impossível sair imune após acompanhar essas histórias marcadas pela vulnerabilidade e pela luta por dignidade”, disse Miriam Vasserman, nossa vice-presidente e coordenadora do ELF.
“A experiência se tornou ainda mais enriquecedora com a fala do diretor João Jardim e dos artistas, que compartilharam os bastidores do processo criativo e a importância de dar visibilidade a esses episódios históricos. Sob a moderação sensível e envolvente de Elisa Nigri Griner, o debate proporcionou um espaço de troca significativo, permitindo que todos os presentes refletissem sobre o impacto social e histórico da obra”, continuou ela.
“Essa sessão especial, promovida pelo Grupo Liderança e Networking (ELF) da FISESP, foi mais do que um evento cultural; foi um convite para revisitar o passado com um olhar atento às questões contemporâneas de exploração e desigualdade. Uma iniciativa poderosa que nos conecta à importância de preservar a memória e transformar a história em aprendizado”, finalizou.
“Em primeiro lugar, é uma honra e um orgulho ter essa pré-estreia exclusiva do filme “As Polacas”. Uma sessão que foi customizada para a comunidade judaica, com o apoio do LEN ELF/FISESP. Tudo começou com uma conversa com a Iafa Britz, produtora do filme. Nós somos amigas de infância e quando ela trouxe essa ideia, eu não hesitei em aceitar. E não poderia imaginar que seria tão forte, incrível e tão perfeita como foi essa sessão de hoje. O debate com os atores e o diretor foi a cereja do bolo e todos saíram daqui com muita reflexão”, afirmou Elisa.
“A história da humanidade está muito atravessada pela exploração de corpos femininos. “As Polacas” é um recorte de nossa história e dos abusos e escassez impostos por ela. Ao mesmo tempo, é extremamente inspirador ver a força e a sororidade destas mulheres num país que sequer conhecem a língua. São pessoas absolutamente vulneráveis que juntas criam afeto, esperança e recursos para viver de uma forma mais digna”, contou Iafa, que é judia e descendente de poloneses.
“Em certos períodos da história, a gente precisa se curar de coisas que aconteceram, e acho que falar dessas coisas tem um certo poder de cura”, declarou.
“Dirigir “As Polacas” foi muito intenso. É um filme muito denso. Coordenar todas essas atrizes, essas mulheres, para elas passarem por situações dolorosas, mas sem elas sofrerem. Dar uma emoção para o filme que fosse justa em relação ao que essas mulheres sofreram. É um trabalho de pensar em um filme esteticamente bonito, se inspirar na religião judaica. Foi um sonho poder adquirir todo esse conhecimento, mergulhar nisso. É uma ética, um pensamento, um conhecimento muito rico. Para mim, dirigir esse filme foi um privilégio”, pontuou João.
“A Rebeca tem um lugar especial para mim. É uma personagem, em um momento meu como atriz, de mais maturidade. Uma personagem com muita força, mas também com muita fragilidade. Muito humana. É o fio condutor dessa história. Foi um momento de muita concentração, de fato, para conseguir trazê-la com dignidade e com respeito, celebrando essas mulheres, os meus antepassados, meus bisavós… É uma personagem muito especial para mim”, comentou Valentina, cuja família por parte de pai é judia.
“Interpretar a Deborah foi uma honra e uma responsabilidade. Eu carrego, além dela, a minha família, meus ancestrais, meus antepassados, as mulheres. São muitas bandeiras, muitas lutas. É um lugar muito espiritual para mim, uma relação pessoal e profissional. Lindo fazer parte desse filme, que com certeza, me marcou para a vida inteira”, disse Dora, que é judia e interpreta Deborah, uma das mulheres que trabalha no bordel de Tzvi.
“Penso que fazer esse filme marca mais uma etapa da minha experiência com filmes baseados em fatos reais. Esse é meu terceiro filme baseado em fatos reais e eu tento sempre contribuir com essas histórias com o coração mesmo. Porque foram personagens que, por mais que não tivessem existido, compõem a figura de pessoas que existiram em uma época. É uma alegria enorme poder contribuir com essa história tão forte, importante e necessária de ser contada”, afirmou Amaurih Oliveira, que interpreta Isaac, braço direito de Tzvi.