Cerca de 120 alunos de duas escolas públicas, na Grande São Paulo, tiveram um encontro inesquecível com a sobrevivente do Holocausto Nanette Konig, de 85 anos, no CEU Uirapuru, no jardim Paulo VI, na zona Oeste da capital. O encontro foi promovido pelos professores Marilia Vilela e Rubens Santos, junto aos alunos das escolas EMEF Ileusa Caetano da Silva e EE Oguimar Ruggeri com o apoio da Federação Israelita do Estado de São Paulo. A palestra que durou mais de duas horas marcou o encerramento de um programa de leitura promovido pelos professores Marília Vilela e Rubens Santos, o Rubão. “É o desdobramento do projeto ‘Diálogos com o sagrado’, contra a intolerância religiosa. Lemos o livro ‘Diário de Anne Frank,’ o ano inteiro, sobre o qual os alunos fizeram um diário de leitura, que foi apresentado na semana de Geografia na USP “, disse Rubens. A obra é o diário de uma garota que enfrentou os horrores dos campos de concentração nazistas durante a segunda guerra mundial. O livro é um grande best seller mundial.
Nanette Konig é holandesa, nasceu em Amsterdã em 1929, e foi amiga de escola da Anne Frank. Mais tarde, reencontrou a colega em um campo de concentração. Durante a palestra, os alunos com idade entre 12 e 13 anos, das escolas EMEF Ileusa Caetano da Silva e EE Oguimar Ruggeri fizeram muitas perguntas. Muito ativa e determinada, Nanette falou sobre a superação e a importância de se manter atento e vigilante contra as injustiças. Ela destacou também que atualmente estão em curso mais de 40 guerras pelo mundo. “Infelizmente, se aprendeu muito pouco com a história”, disse. A sobrevivente do holocausto fez questão de ressaltar aos alunos a importância dos estudos. “Nunca desista. Estude muito. Estude sempre. O estudo te dá força para superar as maiores dificuldades”.
Sobre o triste período de cativeiro, sob o regime nazista, ela falou que o medo era constante. ‘”Era uma ansiedade. A morte podia chegar a qualquer hora. A fome, o frio e o medo estavam sempre presentes”. Foi neste ambiente, extremamente hostil, que ela se reencontrou com a amiga Anne Frank. “Foi um momento de muita alegria, porque eu, achava que nunca mais iria reencontrar algum conhecido. Ela estava muito magra, com as roupas velhas e cobertas de piolho”, contou. No entanto, Anne tinha muita fibra e apesar de muito jovem, era bastante pró-ativa, relatou Nannete.
No final, a palestrante deu um conselho importante para os jovens. “Vocês devem se interessar por política. Porque muitos políticos gostam de pessoas que não se interessam por política”.
O rabino Gilberto Ventura (Moré) foi o mediador do debate. “A dona Nanette tem uma vitalidade incrível. Ela operou o pé há poucos dias e fez uma palestra maravilhosa durante 180 minutos. Os pensamentos e a história de vida dela são um ótimo exemplo para todos nós. Pretendo fazer outras palestras como essa para reunir os jovens das quebradas, os meus amigos muçulmanos, cristãos e de outras comunidades. Ela me disse que tem muito interesse em dialogar mais”, disse o rabino.
Fonte: Diario de SP
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