Sustentabilidade é discutida no IV Encontro Nacional das Escolas Judaicas

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Discutir caminhos para a educação judaica, tendo por norte o tema “Sustentabilidade da educação judaica em três dimensões: humana, acadêmica e econômica” foi o objetivo do IV Encontro Nacional das Escolas Judaicas, que aconteceu domingo, 25 de março, na Escola Alef Peretz, em São Paulo. Idealizado e organizado pela Conib, o evento reuniu cerca de 80 participantes entre diretores, mantenedores e coordenadores.

 A abertura oficial foi feita pelo Secretário Geral da Conib, Eduardo Wurzmann, que definiu o Encontro como um espaço para a troca de ideias e promoção dos valores judaicos. “Temos um enorme legado e vários desafios, além da questão econômica”, destacou.

 Wurzmann elogiou as ações do ministro da Educação, Mendonça Filho, em favor da comunidade judaica, citou o caso da Universidade do ABC, que publicou edital de vestibular com conteúdo antissemita e a inclusão do ensino do Holocausto como matéria obrigatória nas escolas públicas, a partir da nova base nacional curricular, aprovada pelo MEC. Destacou também os resultados positivos da recente viagem do ministro a Israel. A Conib, disse Wurzmann, está buscando agora viabilizar as orientações aos professores da rede pública sobre o ensino do Holocausto.

 Pesquisador sênior do Shalom Hartman Institute de Jerusalém desde 1978, o professor Noam Zion falou, em sua palestra, sobre a importância do reconhecimento da identidade judaica. Ele frisou também a importância de se contar histórias para as futuras gerações. “É muito importante para um judeu conhecer a sua origem”- afirmou.

Diretora do Centro deExcelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) da EBAPE e ex-secretária de Educação do Rio de Janeiro (2009-2014), Cláudia Costin falou de sustentabilidade na educação. Para ela, é fundamental que o aluno perceba que ele é o principal responsável pelo seu desenvolvimento e que aprender a pensar é o primeiro passo para alcançar essa consciência. E citou as competências sócio emocionais como tendência educacional. A utopia é uma escola em que todos aprendam com equidade. Mas a colaboração e a comunicação são elementos-chave para a educação. “Saberes não podem estar fragmentados”, destacou.

 Costin participou de um painel que contou também com o economista Ricardo Abramovay, tendo mediação de Eduardo Wurzmann. Já Abramovay, professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo e também autor de “Muito Além da Economia Verde” (Planeta Sustentável) – discorreu sobre a importância da sustentabilidade e desenvolvimento na Educação: “Desenvolvimento é expandir a capacidade do indivíduo de fazer escolhas. E sustentabilidade é o mais importante valor na educação e isso precisa ser ensinado nas escolas” – disse o economista.

 A sustentabilidade foi também discutida com a exibição de cases em suas três vertentes: Um compromisso com o presente e com o futuro –Fundo de Bolsas (dimensão econômica), com o Fundo de Bolsas; A trajetória de um educador judeu – Da Cidade Maravilhosa à periferia de São Paulo, passando pelo interior da África, com o historiador Celso Garbarz (dimensão humana) e A experiência bem-sucedida de uma jovem escola: Beit Yacov, com a diretora Gracia Klein (dimensão acadêmica).  Palestras como “Tecnologia e Inovação – Um caminho irreversível na educação”, com o psicólogo e consultor de tecnologia para a área de educação, Luís Márcio Barbosa, também incrementaram a programação, que se estendeu até às 17h.

 Durante o evento, prestou-se homenagem aos 100 anos de Educação Judaica no Brasil. A Escola Israelita Moysés Chvarts, de Recife, festeja, em 2018, o seu centenário. “Recife tem uma pequena comunidade, com cerca de 1 500 pessoas, e apenas uma escola judaica. Essa escola assume papel relevante, de estar completando 100 anos, e ser a mais antiga instituição judaica do país com atividade contínua”, disse Jáder Tachlitsky , coordenador de estudos judaicos do colégio centenário.

 Ao promover e organizar o Encontro, com apoio incondicional da equipe Conecteinu, a Conib espera contribuir para a busca de soluções e caminhos para o aprimoramento e longevidade do ensino judaico no Brasil.

 “Este evento tem se transformado em um importante marco de reflexão e pensamento de algumas das melhores práticas em educação, a consolidação da rede de escolas judaicas brasileiras formais e complementares.” – afirmou Sergio Napchan, Diretor geral da Conib.

Crédito fotográfico: Eliana Assumpção