Para tentar acabar com a violência no futebol, a Federação Paulista, em conjunto com a Polícia Militar, usará uma nova tecnologia. O clássico deste domingo entre Corinthians e Palmeiras, no Pacaembu, recebeu um projeto piloto de segurança para monitoramento dos estádios. Através de um software israelense de biometria facial, o torcedor tem seu rosto registrado na chegada e passa a ter seu comportamento na arquibancada vigiado à distância por meio do zoom de câmeras de alta definição.
O sistema, semelhante a alguns já implementados em estádios europeus, ainda passa por testes. Antes desta tarde, ele foi utilizado em três partidas deste ano (Corinthians x São Paulo, Palmeiras x Ajax e Palmeiras x Oeste), com apoio da Federação Paulista de Futebol e da Polícia Militar.
“Por se tratar de um projeto piloto, perguntamos à federação e espalhamos seis câmeras nos locais mais sensíveis (onde geralmente ocorrem confusões) do estádio”, explica Anderson Luiz Carvalho, gerente de marketing do Grupo Policom, uma das três empresas envolvidas no projeto, ao lado da Abex Brasil e da NNW. “A biometria, utilizada também em grandes eventos, aeroportos e até na fronteira de Israel, é capaz de identificar o torcedor que se envolveu em uma confusão por meio de um vídeo. “Não necessariamente preciso de uma câmera pelo estádio todo. Posso filmar a imagem e, a partir dela, chegar à identificação do suspeito. A ideia é coibir a entrada de brigões nos estádios”, falou.
Para o coronel Marcos Cabral Marinho de Moura, presidente da comissão de arbitragem, a identificação do torcedor servirá para punir os culpados envolvidos nas confusões e pôr fim à sensação de impunidade. “Não tem como fugir do sistema, e quando todas as entradas estiverem vigiadas o problema estará praticamente resolvido”, disse.
A intenção é que, em posse de imagens ao vivo ou gravadas de eventuais confusões – não apenas brigas, mas também roubo de carteiras, uso de drogas –, a Polícia construa uma base de dados com torcedores problemáticos reconhecidos a partir de biometria facial. Todas as pessoas são registradas por câmeras de 2 megapixel na entrada e vigiadas com nitidez por outras de 16 e 29 megapixel dentro do estádio.
“Temos hoje uma legislação moderna. O que falta realmente é um serviço de inteligência como esse”, elogiou Paulo Castilho, promotor do Ministério Público de São Paulo. “Precisamos colocar esses marginais, maus torcedores, que são bandidos na verdade, atrás das grades. Isso é uma responsabilidade do Estado”, completou.
Este tipo de medida já foi utilizado em estádios da Europa e em competições como a Champions League e a Liga Europa.