Uma das maiores alegrias desta função que exerço por um período, como presidente da Federação Israelita, é a oportunidade de falar sobre Israel, e em particular em momentos de alegria como o do dia de hoje, data inclusive coincidentemente especial para mim.
Nestes últimos anos, por conta de minha atuação na Federação Israelita, primeiro como consultor voluntario do presidente Jayme Blay, depois como vice-presidente do Boris Ber e agora como presidente, eu tive a satisfação de ver crescer ainda mais a presença de Israel em minha vida, seja no estudo de sua história, no acompanhamento de suas movimentações geo politicas, e também na intensa frequência de viagens para lá.
Eu poderia, portanto, usar o meu tempo aqui, para repetir ou enfatizar uma longa lista de qualificações e alcances que nos fazem como judeus e cidadãos da humanidade nos orgulhar de nossos vínculos com aquele país. Eu falaria de democracia, de tecnologia, de ciências, de economia, etc.
Também falaria de como Israel é hoje criticada pelo mundo de uma maneira sem igual, como se suas falhas e defeitos, não fossem superadas por suas próprias virtudes, mas principalmente como se tais falhas fossem piores do que as de outras nações inclusive as de seus próprios e maiores críticos.
Mas, eu pensei melhor, e achei que para uma audiência de senhoras sionistas, de diversas gerações aqui reunidas, eu poderia propor um desafio ou ao menos sugerir uma reflexão.
Não há duvida de que somos uma geração (ou duas) de judeus privilegiados. Nossos antepassados de muitos séculos, incluindo os nossos familiares, viveram num mundo sem a presença de Israel como nação independente. Assim eles viveram momentos melhores e piores, sempre dependendo do grau de interesse politico de outras nações ou do grau de ódio destas para que tivessem paz e prosperidade. Buscaram a preservação de sua identidade através de um processo de fechamento de sua sociedade por um lado e de uma integração dependente das necessidades e motivações de seus controladores.
Há 65 anos, temos uma situação diferente. Como judeus, temos um país aonde não somos minoria, não dependemos de favores e nem de interesses, e somos os únicos responsáveis pelo nosso futuro.
Há 65 anos, sabemos também que o futuro do povo judeu, não depende de todos morarmos fisicamente juntos em Israel. O mundo é interligado e todas as nações interdependentes. As riquezas precisam ser compartilhadas entre todas as nações, assim como as suas melhores experiências e recursos – só assim podemos ter equilíbrio, progresso sustentável e paz no mundo.
Há 65 anos, o sionismo mudou. De um movimento de libertação e busca de autodeterminação, iniciado no final do século 19, para um movimento de nuclearização da vida judaica em Israel no século 21.
Há 65 anos, que o povo judeu tem tido a oportunidade de participar em igualdade de condições com todas as outras nações na busca da construção de uma sociedade democrática, com conceitos de liberdade e progresso, para seus cidadãos, sem a pretensão de solucionar todos os males e desequilíbrios do mundo, mas com uma participação ativa na preocupação e interesse para com o bem de toda a humanidade.
Há 65 anos, que Israel lida com todas as idiossincrasias do povo judeu, com as invocações politicas de todo o espectro que vai da extrema direita à extrema esquerda, numa terra desprovida de recursos naturais, e cercada de sistemas inimigos que a cada tanto insistem na sua destruição.
Há 65 anos, que Israel segue tendo que se explicar mais do que qualquer outra nação sobre suas ações, certas ou erradas. E, precisa mostrar o tempo todo, e ao mundo inteiro, que é capaz de praticar atos de justiça que são perfeitos mesmo para os diferentes olhos de todos os seus juízes, amigos e algozes.
E qual então é o desafio a ser proposto aqui, para esta entidade belíssima e que internacionalmente reúne há décadas, senhoras que são mães, filhas e avós e acima de tudo sionistas, e dedicadas a projetos do bem comum.
Simples: Vamos colocar mais Israel em nossas vidas!
Não que vocês não já façam isto. Eu disse e insisto na palavra MAIS.
E por que?
Por que neste mundo interligado, corremos o risco de que as nossas próximas gerações percam este interesse e motivação que tanto nos orgulha por sermos as primeiras gerações que testemunharam a importância da transição para nossa autodeterminação como povo.
Por que Israel aos seus 65 anos está ameaçada pelo movimento histórico que seus vizinhos passam e pela retorica de sua destruição pelos lideres bárbaros que ainda vivem por aqui, munidos como nunca com armas de alto poder destruidor.
Por que como judeus temos obrigação e necessidade de entender nossa história e valorizar a diferença que faz para o povo judeu, ter Israel como país independente.
Colocar mais Israel em suas vidas significa trazer para sua casa, para sua família, para as conversas com filhos e netos, o que acontece hoje em Israel e suas implicações com o mundo em que vivemos, inclusive aqui no Brasil.
Significa, que mais do que fazer, temos que ampliar, contar, contagiar, recrutar e vibrar com os projetos que nos ligam a Israel. A sociedade à nossa volta precisa ver como respiramos Israel, com orgulho e interesse, ao mesmo tempo em que o fazemos com nosso lado nacional em relação ao país em que vivemos.
Significa que sabemos e entendemos a atualidade de Israel, e com isto sabemos combater as tentativas de deslegitimização, de boicote e de distorção da realidade.
Significa acima de tudo que teremos jovens – os seus e os nossos, ligados em Israel, assim como estão ligados nas atrações e desafios do mundo moderno.
Vamos, portanto com orgulho colocar ainda mais Israel em nossas vidas!, e que nossas futuras gerações possam comemorar para sempre a existência de nossa Israel livre, judaica e democrática!
Amém!
Mario Fleck
Presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo